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O TEATRO DA RAINHA FAZ 40 ANOS

26 Setembro, 2025

 O Teatro da Rainha faz 40 anos. E está a celebrá-los, isto é, a percorrer através de material fotográfico revelador o que realizou. Não é apenas um acto de memória, mas vivificar – o momento de olhar de quem especta – uma actualidade dos espectáculos, uma projecção destes num presente dos observadores que é, como sabemos, sempre a fugir – tudo é imediata memória. O tempo não pára mesmo que no teatro o paremos, não só nos “silêncios”, nas “pausas” e nas didascálias que dizem “um tempo”, mas porque suspendemos o fluxo na ampulheta da eternidade para evidenciar nos acontecimentos cénicos as suas interacções sociais e nelas o que sejam opressões escondidas e outras monstruosidades do humano mas, em contracorrente, realizando a festa com as armas do humor dos autores, dos actores e jogo dos seus corpos, da encenação: a festa do prazer estético, da beleza que existe também no que é feio, oculto e imperfeito – o tempo que vivemos é realmente tragicómico, a tragédia multiplica-se numa metástase contínua de violências sem limite e o entretenimento, dominante, adocica e mascara tudo de modo avassalador. Há sempre uma anedota a contar, uma pitada de óbvio a exaltar.

A impotência chama-se Ocidente.
No caso desta mostra fotográfica, aqui, na Casa Antero, pomos em dia o que fizemos no Beco do Forno, beco de muitas estradas polémicas. Esta Casa é um Centro Cultural, um espaço de convívio, de cumplicidades e por certo de crítica conspirativa, da arte de maldizer que redime as almas.  Convosco, nesta parede acolhedora, está Cervantes (o criador do Quixote), Molière (que diagnosticou a hipocrisia dos Tartufos desta vida e dos mentirosos em geral, Goldoni tem o seu Bugiardo), Karl Valentin (que inspirou com o seu cabaret blagueur o dramaturgo Bertolt Brecht) e o próprio Brecht que, através do seu alter-ego “Senhor Keuner”, introduziu nos espíritos (des)atentos dos seus leitores uma versão maliciosa e subtil da introspecção dialéctica, elevando a ingenuidade a método.
Em cena, nestas fotografias da Margarida Araújo – sempre presente -, a Isabel Lopes, o Victor Santos, o José Carlos Faria, o Carlos Borges, o Octávio Teixeira, o Miguel Brás, a Sofia Araújo e a Maria Peres.
E já agora, ao vivo e aqui anunciada, a apresentação a 26 e 27 deste Setembro, de Cenas de fim de boca: uma prova de vinhos cómica e ritualística, como é devido ao divino líquido, inscrita num acontecimento coproduzido com o Paulo do Antero, o Paulo Santos da Padaria Forno do Beco e o Júlio Baridó da Quitéria dos queijos, ali à Praça da Fruta.
Não vos falta nada, venha o riso das boas estrelas.

 

Fernando Mora Ramos

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Exercícios finais das Oficinas de Formação Artística e Teatral do Teatro da Rainha

29 Maio, 2025

Entre 30 de Maio e 1 de Junho iremos apresentar na Sala Estúdio do Teatro da Rainha os exercícios finais dos participantes nas Oficinas de Formação Artística e Teatral do Teatro da Rainha. 30 e 31 de Maio teremos o exercício final dos inscritos nas Turmas de Jovens II (14 aos 19 anos) e dia 1 de Junho o exercício das Turmas de Crianças e Jovens I (7 aos 13 anos).

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Na República da Felicidade | Três perguntas ao encenador Fernando Mora Ramos

7 Novembro, 2024

Comecemos pela estrutura: um tríptico, sendo que a parte do meio se subdivide em 5. É uma estrutura complexa porque as partes são muito diferentes entre si, na forma e no conteúdo. O que é que, para ti, torna esta peça num objecto uno? 

O que unifica de modo sempre descontinuo, creio, são dois elementos, a ideia de viagem em direcção à tal felicidade que é enunciada no título e na cena pelo tio Bob como o contrário daquela miséria em que a família se encontra naquele miserável natal, um algures longe da mediocridade, vago como nas utopias e luzindo ao longe.

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Apelido Patego | Fernando Mora Ramos

2 Julho, 2024

O riso é hoje negócio de “humor” — conformação de um tipo engrenado de piada aos desígnios de uma plateia cuja expectativa é rir quantidades garantidas por serão. Esse “humor” é mercado, vende-se na “graça” a metro e pesa-se à unidade, o “humorista” vive de um tipo de “transgressão” fruído por fãs — montado na hora, tem agenda: a política local, os casos celebrizados, os temas “fracturantes”. A sua estratégia é publicitária, o escândalo é a medida do sucesso.

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Desafortunadas Ilhas

23 Agosto, 2023

Condenados às hierarquias, arrumados em classes sociais, os homens estão todos sujeitos à morte, mas nem todos passam a vida nas mesmas condições.
Se o homem está sujeito a tamanhas provações depois de pecar, não será a vida o verdadeiro inferno? E não o será especialmente para os mais pobres e desgraçados?

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O(s) Regresso(s) | Carlos Alberto Augusto

4 Abril, 2023

Estreou a peça Ajax (Regressos), de Jean-Pierre Sarrazac, uma produção do teatro da Rainha, encenada pelo Fernando Mora Ramos. É a 63ª peça para a qual concebi a musica ou o cenário acústico, quinta peça escrita por Sarrazac em que participo. Começou com a importante experiência que foi o Menino Rei, continuou com Envelhecer diverte-me, a Paixão do Jardineiro, a Morte de um DJ e prossegue agora com este Ajax, Regresso(s).

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Teatro da Rainha e Jean-Pierre Sarrazac : uma viagem | Inês Pereira

10 Março, 2023

Hoje, trinta e cinco anos depois, preparamo-nos para estrear dia 16 de Março Ajax, Regresso(s), com tradução de Isabel Lopes, também esta uma peça sobre uma viagem, ainda que de contornos completamente díspares.
Parece pertinente, neste contexto, avaliar a nossa própria viagem com este autor, que, ao longo dos anos, se tornou um amigo e um membro da família do Teatro da Rainha.

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