O Teatro da Rainha desenvolveu, ao longo de 38 anos, uma estratégia de acção que articula de modo sinérgico e programado capacidades nos planos da criação e da formação teatral, o que lhe confere características de companhia de teatro e de escola de competências profissionais, artísticas e teóricas. É de notar simultaneamente que todos os seus elementos têm integrado os corpos docentes de escolas do ensino politécnico como a ESAD, a ESMAE ou a ESEC ou ainda os Estudos Teatrais da Universidade de Évora ou os Estudos Artísticos da Universidade de Coimbra, o que permitiu um conhecimento aprofundado dos currículos escolares oferecidos por estas instituições. Por outro lado, a companhia tem protocolos com algumas destas entidades para acolhimento de estagiários, o que permite uma percepção clara do hiato entre o ensino ministrado e o trabalho em meio profissional. O balanço das experiências realizadas quer em meio escolar quer de acolhimento de estagiários permitiu delinear, de forma empenhada e questionadora, um plano curricular que julgamos poder suprir as debilidades e insuficiências detectadas e que achamos urgente ultrapassar em prol de uma prática artística mais qualificada e crítica.

Como se pode depreender pelo que fica dito, o Teatro da Rainha, no início do seu 37º ano de existência, está numa situação charneira, num momento de transição para se tornar uma escola teatral verdadeiramente inovadora, a partir de fundamentos de acção em tudo diferentes dos das escolas convencionais, apostadas num ensino mais indiferenciado, escola essa virada para o que em ciência se chama de «experiência de ponta», de escola de excelência e proximidade, em que a personalização do ensino será uma constante.