O Novo Teatro do Teatro da Rainha tem anos de vida. Como as coisas que são difíceis num país pouco interessado nas artes como cidadania, ter uma casa aberta a todos que seja um laboratório atento às relações entre o real e as linguagens que o tornam compreensível, no caso um teatro, não é um imperativo inscrito nos desígnios de uma mediocracia — chamamos-lhe assim, ou democracia amputada. A democracia é algo por fazer, uma forma perfeita de organização social por vir — nada tem de estável, como temos vindo a viver. Nessa perfeição é suposto que as artes sejam uma parte integrada e mesmo orgânica, um modo de viver.

Foram anos de insistência até que o que ficava longe se aproximou, a cerimónia da primeira pedra. Foram anos até que a empresa construtora — depois de anos de debate entre nós, de um primeiro projecto que ficou para trás, decisões autárquicas, Tribunal de Contas, erros e omissões, interrupção imprevista por razões de inconsistência do solo, de andar atrás do dinheiro europeu que fugia para ir parar a outros.., etc,.— surgisse com os seus contentores para instalar o estaleiro no parque de estacionamento e fundo adjacente, agora porventura a caminho de ser uma Praça — talvez Praça Teatro da Rainha. Se não quiserem, pode ser a Praça das Artes do Ler e da Leitura. Se não quiserem Praça das Escolas, da Biblioteca e do Teatro. Se quiserem metemos também a pista de Skate.

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A nosso ver, será uma Praça, com as suas árvores e canteiros, não deixando de ser espaço amplo para se brincar e correr, para estacionamento — que urge regrar fazendo “desaparecer” o amontoado automóvel — e até lugar de conversa e namoro.
Do lado de dentro, no futuro Novo Teatro, uma zona de ar livre, aproveitando a empena, será um teatro grego em ponto pequeno — o Epidauro tem, creio, 14.000 lugares. Esperamos que, mesmo quando não estiver a uso nosso ou de terceiros, seja frequentado por quem quiser passar um tempo útil a ler ou poemar alto para outros.

Neste botão, A obra, vamos, a partir de agora, fazer o “filme” das diversas etapas da construção até que o edifício seja estreado. Entendemo-lo como um acto de cidadania.

O nosso teatro não cai de pára-quedas, foi uma proposta que fizemos ao fim de muitos anos de prática teatral profissional, que o Presidente Costa aceitou e que a Vereação e Assembleia aprovaram unanimemente, numa primeira decisão. Com o actual Presidente, Dr. Tinta Ferreira, o projecto ganhou novas qualidades e voou para outra escala tendo em conta que cidade e concelho são cerca de cinquenta mil habitantes. Não será portanto um teatro para encher de gente, para reivindicar números de “audiências” insuperáveis, para romper estatísticas quantitativas, será um espaço de câmara com qualidades únicas pois o que o determina é na arquitectura o que o teatro exige como potencialidades de jogo e a qualificação das próprias dimensões. Por essa razão dizemos que será um palco para espectadores e interpretes, uma Casa do Exercício, estaremos próximo uns dos outros.
O que queremos ir partilhando com a cidade é desde já o caminho que está a ser feito, o passo a passo da construção, partilhá-lo com as populações da zona e com todos aqueles que ao longo deste 36 anos têm acompanhado o nosso trajecto. ver a obra em marcha é ir conhecendo por dentro o que venha a ser.

O Novo Teatro, sendo um teatro de Câmara com palco amplo e versatilidade de relação entre a cena e a sala, não é por ser de uma escala adequada à cidade, um piccolo teatro, portanto, que deixará de atingir um número máximo de interessados e certamente de novos espectadores. Isso significa que a nossa política de exibições passará a ser de um tempo longo de exploração de cada espectáculo, um tempo que seja mais tempo que o descartável que muitas vezes é o destino das criações em Portugal.

Este nosso teatro marcará, pelas nossas opções de prática teatral e reportório, na cidade e acreditamos, no País, uma nova forma de entrosamento entre uma arte e a sua sociedade, o teatro, a sua cidade e o seu país.

SEM CHÃO NÃO HÁ EDIFÍCIO.
Chão através de um sistema de microestacas. Esta máquina realiza os furos para a aplicação das microestacas.