- ESTREIA26 de Novembro de 2015 | Sala Estúdio do Teatro da Rainha
APRESENTAÇÕES
até 5 de Dezembro
Ficha Artística
Tradução | Isabel Lopes
Encenação | Fernando Mora Ramos
Cenografia | Nuno Carinhas e Ana Vaz
Iluminação | Jorge Ribeiro
Música | Carlos Alberto Augusto
Assistência de Cena | Carina Galante e Tatiana Simões*
Figurinos | Teatro da Rainha
Interpretação | Isabel Lopes, Raquel Monteiro, Fernando Mora Ramos, Carlos Borges, José Carlos Faria e Paulo Calatré
* Estagiária de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras de Coimbra
Comédia e Fragmentos de Teatro 1 e 2
«Dramatículos» São peças breves de Beckett, dramatículos. Definem-se pela extrema concisão e máxima extensão, pequena forma a tratar o legado existencial, a vida num ciclo completo. Em Beckett não se morre, vai-se morrendo, quando não se morreu já e se enceta uma visão retrospectiva, testamentária. Os mortos, os amputados e cegos, os que já só vivem na prisão da sua história anterior e dela tentam extrair assomos de vitalidade, parecem ter contraído a doença de uma menoridade existencial que se cola à pele, como uma espécie de vocação para o mesquinho, o pequeno, mesmo o infra-humano.
«Comédia» Assistimos à implosão sarcástica e definitiva do vaudeville, do teatro burguês comercial – três criaturas encontram-se no lugar de passagem, a fazer um balanço das suas vidas de uma forma que leva à última consequência o sentido absolutamente equívoco e mesmo mesquinho dos modos de relacionamento de uma tripla pequeno-burguesa. No cenário, curiosamente, as três urnas propostas, estão de braço dado, numa intimidade espacial que contradiz o drama vivido por cada um na sua cabeça fechada.
«Fragmento de teatro I» Um amputado e um cego, num território devastado pela guerra, ruína real, desconhecendo-se e evitando-se, cada um na sua toca aventurando-se no exterior pela força da necessidade, no momento em que se conhecem esboçam a tentativa de uma entre-ajuda solidária, de uma complementaridade existencial, casal possível, que se revela um fracasso. «Fragmento de teatro II» Um par de burocratas, A e B, lêem alto e comentam, para decisão do suicida em potência que no espaço é uma silhueta, uma sombra, um conjunto de testemunhos de criaturas com quem o historiado se cruzou, que é um verdadeiro levantamento biográfico do candidato. De um terceiro andar com a janela aberta sobre o vazio e com um céu de estrelas ao fundo, a operação judiciária no tribunal instalado vai-se cumprindo marcada pelas sucessivas falhas de luz e pela limitação horária do acto. A morte com horário marcado é uma verdadeira charada burlesca, a janela-porta ao fundo, não tem protecção nenhuma.