A próxima edição do colóquio Teatro, Espaço Vazio e Democracia, com que o Teatro da Rainha encerra a temporada anual desde 2017, será dedicado às “Novas Dramaturgias: o processo de 4 autores à procura de voz”. Dia 14 de Dezembro, a partir das 15h, Cecília Ferreira, Elisabete Marques, Henrique Manuel Bento Fialho e Manuel Portela, juntam-se ao Director Artístico do Teatro da Rainha, Fernando Mora Ramos, para dar a conhecer o texto final de um projecto de escrita colaborativa que vem ocupando os quatro autores convidados desde 2023 e resultará no primeiro espectáculo de 2025, ano em que o Teatro da Rainha comemora 40 anos de actividade.
“Quem está aí?” é a base textual de um processo que partiu do conceito de Invisível para o desenvolvimento de cenas exploratórias dos medos e das fobias associados ao não visto, ao desconhecido, ao intangível, numa época saturada de imagens que, mais ou menos manipuladas, mais ou menos selectivas, condicionam a percepção da realidade levando a paranóicas soluções de hipervigilância atenuadoras do pânico e do temor.
Actores do Teatro da Rainha encarregar-se-ão da leitura de “Quem está ai?”, seguindo-se à leitura as intervenções dos autores e o habitual debate. Entre outros, serão seguramente tópicos de debate o medo nas sociedades hipervigiadas, a manipulação informativa e a influência dos algoritmos, o advento da inteligência artificial, das tecnologias deepfake e de spyware ao serviço de múltiplas práticas de controlo dos cidadãos.
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Cecília Ferreira é licenciada em Teatro/Interpretação pela ESMAE – Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo e em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde obteve o Mestrado em Línguas e Literaturas Românicas Modernas e Contemporâneas, com uma tese sobre a poesia de Gastão Cruz. É professora de Teatro no Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto. Tem vários trabalhos de adaptação dramatúrgica realizados, com destaque para o da peça “Rei Lear”, de William Shakespeare. Foi ainda membro fundador e elemento da direcção da Artâmega – Academia das Artes de Marco de Canaveses. Escreve teatro. Entre as peças escritas destaque para “Rua da alegria” e “A acompanhante”, peça que obteve o prémio de teatro da SPA. É membro da Companhia Teatro a 4 desde o seu início.
Elisabete Marques doutorou-se pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com dissertação sobre Maurice Blanchot e Samuel Beckett. Publicou os livros de poesia “Cisco” (Mariposa Azual, Dezembro de 2014) e “Animais de Sangue Frio” (Língua Morta, Abril de 2017). Co-editora do livro “Estética e Política entre as artes” (Edições 70, Abril de 2017), integrou ainda as equipas das revistas Textos e Pretextos e Esc:ala. Investigadora no Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa (Faculdade de Letras da Universidade do Porto), desenvolveu um projecto sobre as relações entre Literatura e Cinema e foi curadora do ciclo O Cinema e as outras artes (Teatro do Campo Alegre, Porto). Investiga e ensina na área dos estudos literários.
Henrique Manuel Bento Fialho é licenciado em Filosofia. Desde 1997, publicou vários livros de poesia, ensaio literário, conto, micronarrativa e teatro. Tem obra dispersa por várias antologias, revistas e publicações colectivas vindas a lume em Portugal, Espanha, França, Itália, Brasil e Marrocos. Estreou-se na escrita para teatro com a peça “Na Cama com Ofélia” (2022), encenada por Fernando Mora Ramos. Em 2023, a peça “S.N.S.” foi levada à cena, também com encenação de Fernando Mora Ramos, integrando o espectáculo “Os Míseros”, com cenas de Gil Vicente. As suas obras mais recentes são o volume de contos “Domesticadora de Girassóis” (Companhia das Ilhas, 2024), o livro de poesia “De Má Condição”, com pinturas de Maria João Lopes Fernandes, e, com Joseph Danan e Fernando Mora Ramos, “Texto, performance e outros ensaios” (Edições Húmus, 2024). Desde 2018, programa para o Teatro da Rainha o ciclo de encontros Diga 33 – Poesia no Teatro.
Doutorado em Cultura Inglesa pela Universidade de Coimbra (2001), Manuel Portela tem vasta actividade académica. Professor do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, dirige o Programa de Doutoramento FCT em Materialidades da Literatura. É investigador do Centro de Literatura Portuguesa na mesma universidade. Foi Director do Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, entre 2005 e 2008. Autor de livros de poesia sonora e visual, de poemas animados por computador e ainda de diversos poemas satíricos, publicou os primeiros poemas nas colectâneas “Cras! Bang! Boom! Clang” (1991) e “Pixel Pixel” (1992). Traduziu para português, entre outros, livros de William Blake e “A Vida e Opiniões de Tristram Shandy”, de Laurence Sterne, pelo qual recebeu o Grande Prémio de Tradução. É ainda autor do monumental ensaio “O Comércio da Literatura” (2003), um estudo das representações do mercado literário no século XVIII em Inglaterra. É actualmente Director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.
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