No ano do centenário de José Cardoso Pires, Diga 33 – Poesia no Teatro dedica a sessão de Setembro ao autor de De Profundis, Valsa Lenta. Iniciado em 2018, este ciclo de encontros com e sobre escritores programado por Henrique Manuel Bento Fialho para o Teatro da Rainha, dá continuidade à programação de 2025 numa sessão que terá como convidada Ana Cardoso Pires, filha do autor português. A conversa terá lugar no Pequeno Auditório do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, a partir das 21h30, e será precedida da leitura de excertos de obras de Cardoso Pires pelos actores do Teatro da Rainha José Carlos Faria, Mafalda Taveira e Nuno Machado.

José Cardoso Pires nasceu a 2 de Outubro de 1925 em São João do Peso, lugar de Vila de Rei, concelho de origem da família. No entanto, a sua vida desenvolveu-se sempre em Lisboa. Trocou Matemáticas Superiores por diversas profissões, tendo como objectivo tornar-se escritor. Colaborou na imprensa e no mundo editorial. Em 1949, publicou Os Caminheiros e Outros Contos e, em 1952, Histórias de Amor. Em 1958, surge o seu primeiro romance, O Anjo Ancorado, e, em 1960, o ensaio Cartilha do Marialva e a peça de teatro O Render dos Heróis, encenada em 1965. Com O Hóspede de Job (1963) ganhou o Prémio Camilo Castelo Branco, da Sociedade Portuguesa de Escritores. Em 1968 publicou O Delfim, romance posteriormente adaptado ao cinema por Fernando Lopes. Leccionou Literatura Portuguesa e Brasileira no King’s College de Londres, escreveu a sátira política Dinossauro Excelentíssimo, saída em 1972 com ilustrações de João Abel Manta, entre outras peças de teatro, livros de contos e romances. Balada da Praia dos Cães, de 1982, receberia o primeiro Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, tendo sido adaptado ao cinema, em 1987, por José Fonseca e Costa. Entre outros importantes prémios nacionais e internacionais, recebeu o Prémio Pessoa. Morreu a 26 de Outubro de1998, em Lisboa.

Ana Cardoso Pires (Lisboa, 1956) trabalhou em jornais e editoras, em actividades de redação (O Jornal/Vinhos, Público Júnior), edição (Público/Magazine) e Relações-Públicas (Círculo de Leitores), até 1996. Posteriormente, dedicou-se à tradução como freelance, inicialmente de Informática (Microsoft e Oracle), diversificando depois os temas. Paralelamente, fez traduções literárias e trabalhos de revisão e edição de texto. Apoiou serviços da Presidência do Conselho de Ministros de Timor-Leste durante três anos, ao nível da língua portuguesa.

Unanimemente reconhecido como um dos mais relevantes prosadores portugueses do século XX, José Cardoso Pires foi uma voz exigente e intransigente num Portugal comezinho e desdenhoso da independência dos seus criadores. Não isento de controvérsia, como ficou demonstrado em Integrado Marginal, biografia que o escritor Bruno Vieira Amaral recentemente lhe dedicou, esteve presente nos momentos mais marcantes da vida portuguesa do último século, não abdicando da sua intervenção nos contextos social e político. Foi condecorado com a Ordem da Liberdade, por Ramalho Eanes, e com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito, concedida por Mário Soares.

Dia 16 de Setembro, falaremos com Ana Cardoso Pires sobre o percurso literário e a vida do autor de Balada da Praia dos Cães, conversa que será precedida da leitura do conto Os Caminheiros e de excertos das obras Dinossauro Excelentíssimo, Corpo-Delito na Sala de Espelhos, Alexandra Alpha e De Profundis, Valsa Lenta.