• DATA5 de Abril | 21h30
  • LOCALSala-Estúdio | Praça da Universidade, Edifício 2, 2500- 208 Caldas da Rainha
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Há qualquer coisa de perene neste Marthiya de Abdel Hamid, nesta tragédia, nesta lição permanente que persiste em ficar, na maioria das vezes, por aprender, e que vai resistindo. Tudo isto dá mais força à minha própria resistência. É a força do texto, mas também, infelizmente, a obscena actualidade do tema, um conflito que não parece ter fim à vista. (…)
A solução que entendi seguir parece encaixar, em grande parte, no conceito extraordinário e bastante desafiador do “entre’, formulada pelo meu queridíssimo amigo e companheiro de tantas jornadas pedagógicas e musicais, António de Sousa Dias. O meu obrigado a ele por me ajudar reflectir sobre este assunto. Dentro da paleta sonora que uso neste Marthiya de Abdel Hamid, há períodos em que o fundo sonoro está “entre” os sons reais pré-gravados que uso e a minha voz ao vivo. Está “entre” a música e o design sonoro. Está “entre” um universo sonoro real e outro, totalmente artificial. “Entre” entre o audível-visível e o imaginado-invisível. Há momentos que nos lembram que estamos todos metidos “entre” o nosso quotidianozinho ridículo e tranquilizador e este(s) conflito(s), sem fim à vista, que nos persegue(m) há demasiado tempo, aos quais não damos senão uma atenção pontual, neste estrebuchar de um sistema de vida iníquo, que vai gerando uma espécie de topologia do terror.
O primado é o da escrita. O texto do Alberto Pimenta, ao qual me curvo respeitosamente. A escrita sonora, real e metafórica. A escrita dramatúrgica, em que me aventuro. Talvez funcione.

Al-hamdu ‘lillahi.

Carlos Alberto Augusto