A reunião do trabalho poético de uma vida é sempre momento significativo no percurso de um poeta. Foi o que aconteceu com Carlos L. P. Bessa no ano transato. Os seus “Livros Reunidos” (Edições Tinta-da-China, Abril de 2024) aí estão como testemunho de uma das vozes mais estimulantes da sua geração. Ignorar esta obra seria uma injustiça tremenda, sobretudo num tempo ávido de novidades e perdido na vertigem do acontecimento mediático sem inscrição nem história.
As mais de 500 páginas dos “Livros Reunidos” são uma prova de resistência à fugacidade dos dias, mais ainda quando se encarregam, em grande parte dos poemas coligidos, de registar essa mesma transitoriedade, fixando momentos e instantes do quotidiano como quem expurga os demónios do tédio e da solidão. Poemas que se lêem e se escutam, tão reveladores no que transmitem através das palavras como nos silêncios que entre os versos falam. Disso mesmo daremos conta no próximo Diga 33 – Poesia no Teatro, dia 17 de Junho, na Sala Estúdio do Teatro da Rainha, às 21h30, recebendo o poeta Carlos L. P. Bessa para uma conversa que será acompanhada pela leitura de poemas por Henrique Fialho e José Ricardo Nunes.
Carlos L. P. Bessa (1967) nasceu em Viana do Castelo, cresceu nos arredores do Porto e vive há três década nos Açores. Professor, escritor e crítico literário, preside ao Instituto Açoriano de Cultura e é director da revista Atlântida. Tem colaboração crítica e poética dispersa no Expresso, Jornal de Letras e Jornal do Fundão, além de vários fanzines e revistas. Publicou os livros de poesia “Legenda” (Edições Atlas, 1995), “Termómetro. Diário” (Black Sun, 1998), “Olhos de Morder Lembrar e Partir” (Black Sun, 2000), “Lançam-se os Músculos em Brutal Oficina” (&etc, 2000), “Em Trânsito” (&etc, 2003), “Em Partes Iguais” (Assírio & Alvim, 2004), “Dezanove Maneiras de Fazer a Mesma Pergunta” (Teatro de Vila Real, 2007), “Pai” (do lado esquerdo, 2017), uma ficção sobre Vitorino Nemésio, “Sentado Numa Pedra de Memória” (2012), e dois livros infanto-juvenis em co-autoria com Diogo Bessa.
Sobre a poesia de Carlos L. P. Bessa escreveu Manuel de Freitas no Expresso: «uma escrita elíptica, um vigor surpreendente na criação de imagens e no poder sugestivo dos subtítulos e uma extrema atenção a um real que escorre pelos dias e pelas páginas com um indisfarçável sabor de recusa.» Por sua vez, no Público, Maria da Conceição Caleiro sublinhou em 2005 «um universo próprio que numa leitura apressada pode não transparecer», feito de «humor, algo disfórico, ironia, mas mais ambígua, numa intenção de transparência, a pisar o risco às vezes do literal, da banalidade, da pura referencialidade, indecidível.» Já Pedro Mexia, no Diário de Notícias, referia-se no mesmo ano a uma poética que «recorre a um expressionismo que faz de cada imagem uma explosão surda.» Muitas têm sido as alusões a esta poesia, confluindo no geral para a afirmação de uma singularidade que merece ser destacada.
A não perder!
- DATA17 de Junho de 2025
- HORÁRIO21h30
- ENTRADA4€
- INFORMAÇÕES E RESERVAS262 823 302 | 966 186 871 | geral@teatrodarainha.pt
- MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha