Fosse vivo, António Ramos Rosa cumpriria agora 100 anos. Estamos, portanto, em maré de centenários. Não é que nos agradem particularmente os rituais protocolares que usam e abusam destas datas redondas para trabalhos de restauro na memória, mas sempre é um marco. Que contribua para a leitura, a reflexão e a discussão de uma das obras maiores da poesia portuguesa do século XX é o nosso desejo. Para o efeito, dedicaremos o próximo Diga 33 – Poesia no Teatro ao enorme poeta que foi e é António Ramos Rosa. Teremos connosco Ana Paula Coutinho Mendes, a quem devemos um trabalho profundo de análise e recolha da obra do autor de “O Grito Claro” (1958). Leituras a cargo dos actores Mafalda Taveira e Tiago Moreira.

António Ramos Rosa (Faro, 1924 – Lisboa, 2013) viveu na sua terra natal até se radicar definitivamente em Lisboa no ano de 1962. Foi empregado de escritório, de que é testemunho o “Poema Dum Funcionário Cansado”, antes de se dedicar às explicações como meio de subsistência. Estreou-se em livro com “O Grito Claro” (1958), ao qual se seguiu uma obra vastíssima de mais de oito dezenas de títulos publicados. Tradutor, ensaísta, desenhista, dedicou toda a sua existência à poesia. Iniciou a publicação da revista Cadernos do Meio-Dia, que em 1960 foi proibida por ordem da polícia política. Foi um dos fundadores da revista Árvore, activa entre 1951 e 1953. Foram-lhe atribuídos vários prémios em vida, entre os quais o Prémio Nacional de Poesia, da então Secretaria de Estado de Informação e Turismo, que recusou. Em 1988, foi Prémio Pessoa. Colaborou com diversos jornais e revistas, de que se destacam, entre outros, os suplementos literários do Diário de Notícias e d’ A Capital. Em 1991, o Collège de L’Europe atribuiu-lhe o Prémio Poeta Europeu da Década. É também autor de “Poesia, Liberdade Livre” (O Tempo e o Modo, 1962), uma das mais significativas obras ensaísticas da literatura portuguesa.

Ana Paula Coutinho Mendes (1965) é Doutorada, na especialidade de Literatura Comparada, com uma tese sobre a obra poética e crítica de António Ramos Rosa: “António Ramos Rosa: mediação crítica e criação poética”, Prémio Pen-Club Ensaio, 2004. Professora Catedrática da Faculdade de Letras do Porto, é actualmente Directora da Licenciatura em Literatura e Estudos Interartes. Integra a rede de investigadores LEA ! (Lire en Europe Aujourd’hui) ;  a rede de investigadores externos do CRIMIC (Centre de Recherches Interdisciplinaires sur les Mondes Ibériques Contemporains – Paris IV); o Centre Francophone REVIF, e colaborou também com o Programa Non-Lieux de l’Exil (Collège d’Études Mondiales – FMSH). Em 2012, foi distinguida com a Ordem das Palmas Académicas (Chevalier) da República Francesa. De António Ramos Rosa, organizou, prefaciou, seleccionou os livros “O poeta na rua: antologia portátil de António Ramos Rosa” (2004), a fotobiografia “António Ramos Rosa: imagens do caminho das palavras e dos afectos” (2005), “Voz consonante: traduções de poesia! (2006).

Dia 22 de Outubro, falaremos com Ana Paula Coutinho Mendes sobre a vida e a obra de António Ramos Rosa. Leremos e ouviremos ler poemas e tudo se fará mais claro. Na Sala Estúdio do Teatro da Rainha, a partir das 21h30.

Entradas condicionadas aos lugares disponíveis.
Valor da entrada | 3,00€

 

  • DATA15 de Outubro de 2024
  • HORÁRIO21h30
  • INFORMAÇÕES E RESERVAS966 186 871 | geral@teatrodarainha.pt
  • MORADASala-Estúdio | Praça da Universidade, Edifício 2, 2500- 208 Caldas da Rainha