A pintura de Yochen Bustorff é, como ele diz, figurativa e abstracta, não necessita de título rebuscado para efeitos de marquetingue – neo-figurativa com laivos cubistas e classicizante  – , como se essa designação buscasse a famosa originalidade que só os autênticos artistas possuem e que não reivindicam, é-lhes conatural.
Como diz ele, o José Maria, assim cunhou nome português a si mesmo, “descobri a certa altura que o meu tema era a figura”, a criatura humana, o retrato. E também o “acontecimento”, o bombardeamento, o acto de terror imperialista, como no caso de Aleppo, a pintura que dá nome a esta exposição. Também a paisagem o atrai, sem nada de paisagista à oitocentos, antes como transfiguração imagética através de linhas, traços e das cores que fabrica, ele mesmo, com pigmentos naturais, à maneira dos pintores renascentistas.
A exposição que o Teatro da Rainha realiza agora com a colaboração do CCC, incide justamente nestas características atrás referidas, com uma incidência particular nos “desastres de guerra” (nome idêntico ao ciclo que Goya realizou) que caíram como uma verdadeira tragédia sobre certas regiões do Planeta, em boa verdade bem próximas da própria Europa.
Uma outra dimensão desta selecção que agora realizamos, sob a curadoria de Fernando Mora Ramos, encenador e Director Artístico do Teatro da Rainha, será a de expor um conjunto de retratos de figuras determinantes da história do mundo contemporâneo, todas elas figuras da resistência aos diversos totalitarismos que dominaram – e dominam – o curso da história planetária mais próxima.