Dramatículos 2
Eu não, Acto sem palavras I e Cadeira de embalar
SAMUEL BECKETT
Em «Eu Não» analisa-se, em estado de vigília, um estranho “filme mental” de fragmentos de vida, no tempo e na lógica de um jorro de palavras incontinente que se impõe como se as palavras estivessem contidas sob uma pressão – timidez, associabilidade, exclusão, confusão e a gramaticalidade – que entretanto cedesse. E o jorro é tentativa de compreender, história bastarda de vida atirada pela Boca aos bocados: o nascer e a visitação da morte, aos setenta, no meio do nada, uma ida ao super-mercado e a experiência de ter sido ré num tribunal que se confunde com uma imaginação concreta da cena do juízo final. Em «Acto sem palavras» um corpo humano é tiranizado numa caixa de cena prisional que funciona como máquina de tortura. «Cadeira de embalar», cuja forma cadenciada remete para a canção de embalar, embala a personagem para a outra vida: é um apagamento que acontece, como um pavio que se extingue.
FICHA ARTÍSTICA
Tradução e Dramaturgia | Isabel Lopes
Encenação | Fernando Mora Ramos
Desenho de luz | Carina Galante
Design sonoro | Carlos Alberto Augusto
Interpretação | Isabel Lopes e Fábio Costa
“Deus ex machina” – Alexandre Calçada