PROGRAMA

O momento de ser
(marimba, glockenspiel, et al, electrónica)
José Cruz

Acinése
(viola de arco, electrónica e voz)
Jorge Alves

A observação do tempo
(tarolas, electrónica e voz)
Andrés Pérez

A Lei Natural
(guitarra clássica, guitarra barroca, electrónica e voz)
Pedro Rodrigues

  • DATA20 de Setembro | 21h30
  • LOCALPequeno Auditório do CCC | R. Dr. Leonel Sotto Mayor, 2500-227 Caldas da Rainha
  • INFORMAÇÕESgeral@teatrodarainha.pt | 262 823 302 | 966 186 871

O PROJECTO

A Parábola é um ciclo de peças de teatro-música, para músicos-actores, solistas, que interpretam o seu instrumento, com uma componente adicional de electrónica em suporte, dizendo, simultaneamente, um texto. Os textos de cada uma das peças que integram este projecto têm origem no livro The Parable of the Beast, de John Bleibtreu, um jornalista que, na década de 60 do século passado, se dedicou ao jornalismo de ciência. O texto de cada peça é uma espécie de libretto, construído a partir do texto original. A componente electrónica é produzida a partir dos sons dos instrumentos para os quais cada peça é concebida, gerados e processados electronicamente, nalguns casos, a partir dos próprios instrumentos em que são executados. Em jogo está, pois, a tensão entre a execução do instrumento e a electrónica, a tensão entre a situação particularmente exigente para o executante, que resulta do facto de ter de tocar o que está escrito e falar normalmente, e a tensão da própria história. Um verdadeiro desafio para a música contemporânea.

A série começou em 2001 com a peça Acinese (Akinesis, em inglês, no original), numa versão, estreada pela violetista canadiana Laura WIlcox. Continuou com a peça para marimba, glockenspiel e woodblocks, O Momento de Ser, (no original The Moment of Being) estreada em 2007, por Pedro Carneiro. Continuou com A Observação do Tempo, para tarolas, estreada em 2023 por Andrés Pérez, e conta agora com mais uma estreia: a peça A Lei Natural, para guitarra clássica e barroca. As peças que agora são executadas, fazem parte do ciclo que incluem ainda outras para contrabaixo, vibrafone e piano. Trata-se de uma leitura do conceito de teatro-música muito particular, que resulta, em grande medida, do meu profundo envolvimento nesta área desde há décadas. Por detrás destas peças está uma larguíssima experiência na área da música para teatro. É um aspecto da minha obra que visa criar novos desafios aos solistas que executam esta música, única, explorar novas técnicas instrumentais e tecnológicas, criando assim uma inusitada simbiose da palavra com a música num novo tipo de ritual. A Parábola é também, é justo dizê-lo, um piscar de olho a Luciano Berio, compositor que muito admiro, às suas Sequenze e a tantas outras obras do compositor que muito me marcaram. Trata-se, simultaneamente, de uma singela homenagem a Berio, neste ano em que se comemora o centenário do seu nascimento.

O presente concerto inclui quatro peças, para quatro solistas (viola de arco, marimba, tarolas e guitarras clássica e barroca). Esta última ouvir-se-á em estreia absoluta, nesta pequena tournée. Trata-se da reunião de solistas de gabarito internacional, num empolgante e desafiante género,  que coloca novos problemas de natureza técnica e artística.

Carlos Alberto Augusto