Desta vez o debate — com Américo Rodrigues, Director Geral das Artes; Fernando Mora Ramos, Director do Teatro da Rainha; Manuel Portela, Professor Universitário e José Luís Ferreira, programador na fundação da Casa de Mateus, moderados pela Professora Maria João Brilhante, dos Estudos Teatrais da Faculdade de Letras da UL — terá como objectivo o regresso aos temas lançados no ensaio, de 2009 (Livros Cotovia), “Quatro ensaios à boca de cena”, justamente escrito pelas quatro pessoas referidas, nessa época Directores do Teatro Municipal da Guarda (Américo Rodrigues), do TAGV (Manuel Portela), de Coimbra e do TR, (Fernando Mora Ramos) e do Teatro Municipal de São Luís (José Luís Ferreira).

Fruto das experiências de cada um à frente desses equipamentos e fruto também das suas actividades teatrais e artísticas, nesses quatro ensaios se faz um balanço claro do que do 25 de abril para cá se foi fazendo e principalmente do que não foi acontecendo: uma ordenação nacional do território teatral a partir dos pressupostos intrínsecos de uma tipologia contemporânea do fazer teatral e da geografia e demografias do país. Chame-se-lhe o que se quiser, este debate que nunca cessou, pelo menos de um modo subterrâneo — já que as visibilidades vão sempre para o acessório, é esse o seu modo de condicionar — entre os partidários de uma verdadeira mudança, será um debate sobre as políticas do teatro — as possíveis e as existentes — tendo como objectivo um aprofundamento cultural da democracia, no estado em que vive actualmente, ameaçada, como sabemos, tanto pelos populismos como pela radicalidade dos autoritarismos economicistas.
Do livro disse o filósofo José Gil que o prefaciou: “Acredito que este livro abrirá a oportunidade para um vasto debate, a nível nacional, sobre o presente e o futuro do teatro no nosso país.” Em todo o caso, depois da sua leitura, não será mais possível acantonar a discussão em problemas limitados ou locais: “Quatro ensaios à boca de cena” mostra que, para esses problemas serem pensados, é necessário situá-los num plano mais vasto, não só num território mental — o da natureza e história do teatro e das exigências de um teatro contemporâneo à medida do nosso futuro enquanto colectividade que, através da sua língua e do seu desejo, tenta devir livremente “o que é”. Ousamos esperar que, depois da sua recepção pública, nada será como dantes, no mundo do teatro.

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