Usa a arte como arma
exposição de fotomontagens de John Heartfield

A par das representações da peça Europa 39, esteve patente em diversas escolas de Caldas da Rainha, a exposição “Usa a ARTE como ARMA”, com 16 fotomontagens de John Heartfield, pseudónimo do artista alemão Helmut Herzfeld, um dos fundadores do movimento Dada.
Heartfield é o mais célebre `foto-montador` da década de 30 do século XX, cuja temática se centrava na denúncia da guerra e da violência desencadeadas pelos nazis.
De 16 de janeiro a 10 de Fevereiro, a exposição “Usa a ARTE como ARMA” percorreu em itinerância diversas escolas do concelho das Caldas da Rainha, – Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, Escola Secundária Raúl Proença, Escola Superior de Arte e Design de Caldas da Rainha (ESAD.CR), Escola Técnica e Empresarial do Oeste (ETEO) – com visitas guiadas por José Carlos Faria, e a participação de Carlos Borges, licenciado em Germânicas (Língua e Literatura Alemã), que contextualizou a obra de Bertolt Brecht, na época, em conferências com os alunos.
De 16 de Fevereiro a 10 de Março a exposição esteve no Teatro da Rainha.

Slider Image
Slider Image
Slider Image
Slider Image
Slider Image
Slider Image
Slider Image
Slider Image
Slider Image

JOHN HEARTFIELD (Berlim, 1891 – Berlim Leste, 1968) é o nome artístico do pintor alemão Helmut Herzfeld. Adoptou esse nome inglês em 1916 como protesto pelo irracional fundamentalismo nacionalista anti-britânico, patente na Alemanha durante a I Guerra Mundial.

O seu trabalho é conhecido sobretudo pelas fotomontagens de agit-prop, colagens de texto e imagens encontradas nos meios de comunicação de massas.
Estudou design gráfico na Escola Real de Artes e Ofícios de Munique, onde se especializou nas áreas do cartaz e de arte publicitária.

Quando rebenta a guerra em 1914, Heartfield, pacifista, escapa ao serviço militar activo, simulando uma doença mental. Incorporado primeiro como auxiliar voluntário num hospital e depois destacado para os serviços de cinema do Exército, viria a ser expulso das Forças Armadas pelo apoio dado à greve desencadeada pelo assassinato dos dirigentes revolucionários Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht.

Em 1918 adere ao Partido Comunista Alemão e juntamente com George Grosz, Hannah Höch e Raoul Hausmann fundam o Clube DADA de Berlim. Dada era um movimento de vanguarda, anti-arte burguesa que possibilitou a Heartfield experimentar novos materiais e formas de expressão.

A partir de 1919 participa em revistas de sátira política, críticas da República de Weimar as quais são frequentemente censuradas. Heartfield é um dos organizadores, em 1920, da Primeira Feira Internacional Dada, em Berlim e uma das suas fotomontagens foi escolhida para ser a capa do catálogo. Em parceria com Rudolf Schlichter, da corrente artística conhecida por Neue Sachlichkeit, cria «Arcanjo Prussiano», um boneco de um soldado alemão com uma cabeça de porco em cartão, o qual, pendurado no tecto da galeria da exposição Dada, exibia um letreiro onde se lia «Vim do Paraíso, do Paraíso nas alturas». A obra suscitaria o furor dos militares alemães que acusariam os artistas de difamação.

Durante a década de 20, Heartfield colabora com Piscator, fundador do Teatro Proletário, e B. Brecht, desenhando cenários e cartazes de teatro e também capas de livros de Upton Sinclair e Kurt Tucholsky. Notável e inovador artista gráfico, dominando com mestria a justaposição de imagens em série, através da técnica da rotogravura, e transmitindo assim fortes e incisivas mensagens, Heartfield, que tinha destruído toda a sua obra de antes da guerra, defendia que a única arte que valia a pena era a que se baseava em temas políticos e sociais – «Usa a Arte como arma!» foi o lema patente na sala com as suas fotografias, na célebre exposição «Film und Foto» em Estugarda (1929).

Com a chegada de Hitler ao poder, em 1933, Heartfield é de imediato perseguido e forçado a exilar-se, primeiro em Praga e depois em Inglaterra. Do exílio, que duraria 17 anos e lhe arruinaria a saúde, vai publicando regularmente no semanário AIZ – Arbeiter Illustrierte Zeitung (Jornal Ilustrado dos Trabalhadores), onde desenvolve um poderoso e cáustico comentário de alerta e denúncia da propaganda de Hitler e dos nazis.

Regressado à pátria, agora na República Democrática Alemã, Heartfield será professor na Academia das Artes, volta a trabalhar no teatro no Berliner Ensemble e no Deutsches Theater, de novo com Brecht e com Benno Besson e W. Langhoff.

Após a sua morte foram organizadas grandes exposições internacionais com retrospectivas da sua obra, com destaque para as do Instituto de Arte Contemporânea em Londres (1969), Museu de Arte Moderna, Nova Iorque (1993), Tate Gallery, Londres (2005) e Museu de Arte Moderna e Contemporânea, Estrasburgo (2006).

  • DATA16 de Janeiro a 11 de Março de 2017
  • MORADACéu de Vidro