A sétima edição do colóquio Teatro, Espaço Vazio e Democracia, com que o Teatro da Rainha costuma fechar a sua temporada anual desde 2017, será este ano dedicada ao tema “Presencial versus Virtual: o caos do sentido”. Numa mesa moderada por Henrique Fialho, estarão presentes para intervenções sobre a temática proposta a Professora Eduarda Neves, o Director do Teatro da Rainha Fernando Mora Ramos, o tradutor, escritor e editor Júlio Henriques, o Professor Manuel Portela e o tradutor, ensaísta e poeta Miguel Serras Pereira. Às comunicações de cada um dos oradores seguir-se-á, como é habitual, um debate aberto ao público presente. O colóquio, que tem início às 15h, encerrará com uma leitura encenada do poema “Reality Show”, de Alberto Pimenta. Esta segunda parte terá início às 19h, após breve intervalo. Durante a sessão, estará disponível para aquisição a publicação com as intervenções do colóquio realizado em 2022, subordinado ao tema “Caldas, cidade criativa?”.

O colóquio Teatro, Espaço Vazio e Democracia é um espaço de afirmação do Teatro como forma artística multidisciplinar que é presencial. Este presencial, que legitima e singulariza um modelo de relação único nas artes e na política — o Teatro é “um outro” da política — é uma forma de realizar espectáculo num registo de oposição ao espectacular. Esta relação entre o real e o virtual, entre a vida e o consumo, entre a alienação e a emancipação dos sujeitos singulares e das maiorias e minorias, nomeadamente a emancipação do próprio espectador como objectivo assente nas potencialidade do ler, é aquilo que nos interessa discutir.

Eduarda Neves é formada em Filosofia e doutora em Estética. Curadora independente, tem apresentado projectos expositivos em instituições e espaços nacionais e internacionais. O seu trabalho articula os domínios da arte, da filosofia e da política. Fez parte das Comissões de Aquisição de Arte Contemporânea da Colecção do Estado Português (2019-20), da Colecção Municipal do Porto (2021) e (2023) da Comissão de Apreciação que seleccionou a Representação Oficial Portuguesa na 60ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia 2024. É membro do Conselho Consultivo do The New Center for Research & Practice. Entre as obras que publicou, destacamos o ensaio “Bestiário Menor – Tempo e Labirinto na arte contemporânea” (2022), que em 2024 terá edição inglesa pela &&& Books (The New Centre, Berlim).

Júlio Henriques é tradutor, publicista e editor, mais recentemente da revista “Flauta de Luz”. O seu primeiro livro, “Deus Tem Caspa”, foi publicado em 1988. Traduziu Max Aub, George Orwell, Albert Cossery, Guy Debord, Louis Aragon, entre muitos outros autores. Sob o pseudónimo Alice Corinde, publicou poesia e textos posteriormente reunidos no volume “Modas & Bordados d’Alice Corinde” (Fenda, 1995). Actualmente, é criador de cavalos, tradutor e editor da revista “Flauta de Luz”, que criou em 2013. O seu livro mais recente é o volume de poesia “Fora de Dentro” (2020).

Manuel Portela é Doutorado em Cultura Inglesa pela Universidade de Coimbra (2001). Tem uma vastíssima actividade académica. Professor do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, dirige o Programa de Doutoramento FCT em Materialidades da Literatura. Foi Director do Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, entre 2005 e 2008. Autor de livros de poesia sonora e visual, de poemas animados por computador e ainda de diversos poemas satíricos, organizou a exposição internacional de poesia visual e concreta Wor(l)d Poem (1993). Traduziu para português, entre outros, livros de William Blake e “A Vida e Opiniões de Tristram Shandy”, de Laurence Sterne, pelo qual recebeu o Grande Prémio de Tradução. É ainda autor do monumental ensaio “O Comércio da Literatura” (2003), um estudo das representações do mercado literário no século XVIII em Inglaterra. Actualmente, é Director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra.

Miguel Serras Pereira fez parte da direcção da Pró-Associação da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Licenciado em História e tradutor de profissão (Grande Prémio de Tradução da Associação Portuguesa de Tradutores e do Pen Club em 1989 e em 2005), tem vasta intervenção crítica e ensaística dispersa, mas desde sempre marcada — da crítica literária à reflexão política directa — pela tentativa de aprofundamento de uma permanente inspiração democrática e libertária. Muito cedo começou a ser publicado como poeta em diversas revistas ou suplementos literários, estando representado em diversas colectâneas e antologias. Em “À Tona do Vazio & Reprise” (2020), reuniu cinquenta anos de poesia (1969-2019). O seu livro mais recente é “A Foz até ao Fundo” (2023).

Sobre o trema proposto para este ano, afirma Fernando Mora Ramos: «Pela minha parte, interessa-me debater, e farei essa tentativa, essa força copresencial do teatro, força arcaica que propõe relações entre comunidades sociais e sujeitos singulares que, no tempo da (re)presentação e na sucessão das (re)presentações e dos textos agidos pelos corpos, que possam gerar formas artísticas de ler, livres de qualquer outra dependência que não seja a que a produção de sentido(s) e os corpos em cena propõem a quem ouve e vê. Nisto, o ouvido pode levar alguma vantagem sobre o olho, há que regressar a modos de escuta que equilibrem nas imagens os modos de ler que vêm lidos e que apenas temos de digerir, como herbívoros e não como sujeitos de sentidos e sentido.»

  • DATA16 de Dezembro de 2023
  • HORÁRIO15h
  • INFORMAÇÕES E RESERVAS966 186 871 | geral@teatrodarainha.pt
  • MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha