A datação dos autos suscita dificuldades muito diversas. Por vezes, a data é segura e aceite por unanimidade. Por vezes, também, sem ser absolutamente segura, é verosímil e provável. Por vezes ainda, há hesitações entre várias datas aproximadas. E por fim, há casos em que a incerteza é completa.
Cumpre sublinhar por outro lado que os títulos de alguns autos podem ter variado. Aconteceu por vezes que o título primitivo foi substituído por um título novo. Assim, a “Farsa do escudeiro pobre” veio tomar o nome de “Quem tem farelos?”.
Em “Quem tem farelos?” reencontramos o estilo clássico da farsa.
À quase inexistência de intriga contrapõe-se em “Quem tem farelos?” a extrema complexidade de pormenor das cenas. A pobreza de deliniamento de conjunto é de algum modo compensada pela riqueza inventiva ao nível das situações e dos diálogos.
Nesta peça de Gil Vicente, como em poucas outras, pode compreender-se melhor como a uma técnica elementar se contrapõe um sentido muito agudo do teatro.
Ficha Artística
Encenação | José Carlos Faria
Cenografia, Figurinos | José Carlos Faria
Direcção Musical | Joaquim António Silva
Coreografia | José Correia
Máscaras | Rogério Guimarães
Iluminação | José Eduardo e António Plácido
Guarda – Roupa | Conceição Marques, Natália Ferreira, São Cardoso e Arminda Constantino
Fotografia | Joaquim António Silva
Interpretes | António Plácido, José Mora Ramos, José Carlos Faria, Isabel Muñoz Cardoso, Isabel Leitão e Joaquim António Silva