Priscila e Natália, esposa e amante respectivamente de Nestor Coposo, famoso director de teatro de esquerda, presumivelmente assassinado há vinte e três anos, vivem num teatro que está abandonado, e que irá ser expropriado e demolido, o Teatro do Fantasma, antiga sede da sua companhia. São duas mulheres unidas pelo amor e a recordação do mesmo homem e pelo mútuo ideal de viver num mundo mais justo e melhor. Enquanto fazem o inventário do que foi deixado dentro do velho teatro recuperam um pouco da sua própria história e da história da companhia onde sempre trabalharam. Procuram o texto de um autor desconhecido, que Nestor ensaiava quando morreu, e que ninguém tinha chegado a conhecer na íntegra, O Cerco de Leninegrado. Quando o encontram percebem que ao apresentar a derrota do comunismo, o texto confrontava tanto a esquerda como a direita (que necessita da esquerda como inimigo). Compreendem então que Nestor pode ter sido assassinado tanto por uns como por outros. Apesar disso, ambas as mulheres permanecem fiéis às suas recordações e aos seus ideais, entrincheiradas, resistindo a tudo e à demolição do próprio teatro, testemunhas e participantes de uma época em que as ilusões, os ideais, os sonhos utópicos e os impérios se desmoronam.

Sobre o Autor
José Sanchis Sinisterra, dramaturgo premiado e diretor de teatro, reconhecido como um grande renovador do teatro espanhol do final do século XX e início do século XXI, e pelo seu amplo trabalho docente e pedagógico ligado ao estudo e ao ensino da literatura, sempre reivindicou a dupla natureza – literária e cénica – do texto dramático.
No seu teatro existe uma grande preocupação pelas formas dramáticas. É a parte do processo criativo em que concentra o maior interesse. Essa importância da partitura dramática segue o modelo becketiano no qual existe uma concepção do texto dramático também como partitura cénica. Um objectivo complexo e difícil de alcançar.
Para Sinisterra o humor é uma ferramenta intelectual, um modo de contemplar a realidade, de a transmitir e dessacralizar. E afecta também os personagens que podem parecer dramáticos pela sua condição de perdedores, ou patéticos pela sua condição de marginais. Sem que percam a sua dramaticidade e carácter patético, é necessário mostrá-los com essa componente ridícula que todos os humanos têm.

As Actrizes
Isabel Leitão e Isabel Munoz Cardoso
Às vezes a vida fictícia do teatro e a nossa própria e verdadeira vida enredam-se de uma forma estranha. O cerco de Leninegrado é como uma enorme janela por onde se observa o fulgor do clarão de um século acelerado e angustiado que findou. As duas personagens são duas actrizes, testemunhas e participantes dessa época. Acostumadas a viver o jogo de fantasias do teatro descobrem rapidamente que o teatro é também a realidade.
As duas Isabeis que interpretam a peça testemunharam os mesmos acontecimentos que as personagens. Por isso este espectáculo é tão cativante e encantador.

Uma produção Teatro em Curso.

  • DATA21, 22 e 23 de Abril 2022
  • HORÁRIO21:30
  • INFORMAÇÕES966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt
  • MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha