- ESTREIA9 de Março de 1985 | Casa da Cultura das Caldas da Rainha
APRESENTAÇÕES
até 13 de Março
REPOSIÇÃO
de 22 a 24 de Março
DIGRESSÃO
Lisboa – Teatro da Comuna, Marinha Grande – Teatro Stephens, Vieira de Leiria, Serra d’El Rei, Bufarda, Atouguia da Baleia, Pataias, Peniche, Óbidos, Torres Vedras, Santarém, A-dos-Negros, Campo, Couto e Chão da Parada.
Ruzante é um pobre diabo a quem a guerra tenta na mira do saque, sonho à mão de semear. Menato, seu compadre, foge dela e nas margens da grande cidade, entre galinhas e couves, vai construindo o seu desejo de ser proprietário maior. Nhua, que vivera com Ruzante, agora na cidade grande como Menato, encostou-se a um caceteiro, profissional de brigas, que lhe dá “boa vida”. Acabado de se raspar da guerra, Ruzante regressa em estado de lastimar às barracas onde passara uns tempos antes de ir encher os bolsos com o saque. Quase sem crer ainda estar vivo, ser soldado tornou-o mais pobre e alucinado. Rico de fantasias com que evita a queda no cru real do seu estado, que sonhos alimenta com esta vinda? Com a Nhua é que vai ser! Nem se vai lembrar mais da guerra. É sacudi-la do pêlo o mais rápido. E o compadre Menato vai abrir a boca de espanto, de tal modo se soube safar lá nas batalhas. E correu mundo, até fala alemão! Para ele a vida agora deixou de encerrar segredos. Um livro aberto. Como será recebido o desertor? A família, Nhua e Menato estarão demasiado ocupados com a sua própria miséria para reparar nele? Como se irá reencontrar esta pequena sociedade de camponeses despaísados, cada um procurando, no fundo do túnel, a luz que lhe calhou? O tempo tê-los-á já longe entre eles? Em que posturas sociais o trajecto de cada um os faz reverem-se? Um drama familiar, um burlesco melodramático de ressonâncias trágicas: Ruzante, o sonho e a realidade seu conflito de sangue por dentro, a fantasia, espelho possível, seu talento maior, onde quem se vê se inventa outro, a fome, ferida constante, uma filosofia das coisas no imediato; Nhua pinta-se, procura na máscara deitar fora a camponesa que não pode ser; Menato, proprietário, tem passos concretos a dar para enriquecer. As suas poucas coisas bem geridas podem ser futuro comércio.
Ficha Artística
Encenação | Fernando Mora Ramos
Cenografia e figurinos | José Carlos Faria
Tradução | Mário Barradas, António Neves Pedro
Música | Carlos Alberto Augusto
Luminotécnica e sonoplastia | António Plácido
Actores | Victor Santos, José Eduardo, Isabel Roxo, António Plácido