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  • DATA20 e 21 de Maio de 2023
  • HORÁRIOSábado às 21h30 e Domingo às 16h
  • INFORMAÇÕES E RESERVAS966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt
  • MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha

Valor da entrada: 10€. Estudantes e mais de 65 anos: 6,00€
Entradas condicionadas aos lugares disponíveis.

Reservas:
Segunda a Sexta das 9h às 18h
262 823 302 | 966 186 871
[RESERVA OBRIGATÓRIA]

Informações:
comunicacao@teatrodarainha.pt
966 186 871 | 262 823 302

Music-hall é actualmente uma das peças de Jean-Luc Lagarce mais levadas à cena, sobretudo pelos encenadores que se deixam seduzir pela magnitude da sua “partitura dramática”. Embora o texto inclua muito poucas indicações cénicas, e possa ser montado sem quaisquer adaptações, também é verdade que requer bastante trabalho dramatúrgico — para além de inventividade cénica. As deixas escritas por Lagarce encerram um ritmo interno que tem de ser reinventado em cada nova criação — mais do que no caso de qualquer peça clássica “pronta”. Nesta medida, faz sentido considerar esta partitura como uma “pontuação”, que é a das palavras suspensas entre uma escrita que parece inacabada e uma transposição sensível para o palco, propositadamente deixada à consideração do encenador.

Nada em Music-hall é definitivamente decidido pelo seu autor — existe, isso sim, um convite a novas interpretações. Trata-se de um texto em aberto, que requer mais reflexão sobre a sua compreensão global do que sobre a interpretação de alguma passagem em concreto. Por outras palavras, uma tirada de uma tragédia de Corneille é imediatamente condicionada pelas condicionantes do verso alexandrino e pela clareza do enredo, que se baseia na lógica das paixões clássicas — e pode, portanto, ser lida autonomamente como uma ‘peça de bravura’. Mas uma cena de Music-hall, pelo contrário, escapa a essas mesmas restrições formais e de univocidade. Não é um texto de leitura fácil, dada a sua polissemia densa , sobretudo porque o seu estilo imita a sintaxe da linguagem falada — levando em conta, por exemplo, as pausas e as repetições. Esta polissemia torna certas passagens bem mais opacas do que um período clássico bem construído, confrontando por vezes os encenadores com a necessidade de uma actividade hermenêutica verdadeiramente hercúlea. Não se trata, portanto, de simplesmente pensar em como actualizar o texto, mas sim mas de decifrar uma “pontuação” incompleta, que só adquire a sua plena consistência e significado numa realização concreta.

O espectador, hesitante, não tem a certeza de se a Rapariga está a reencenar o mesmo espectáculo pela enésima vez, ou se quer contar a história da sua carreira falhada de uma forma teatral: esta dúvida, que se mantém ao longo de toda a peça, é deliciosa, na medida em que não permite que o estado de atenção permanente por parte dos espectadores se desfaça. Music-hall é uma peça verdadeiramente enigmática, que utiliza o processo do ‘teatro dentro do teatro’ para contar a história evanescente de uma actriz falhada.

©Companhia de Teatro de Almada

Ficha Artística

MUSIC-HALL de Jean-Luc Lagarce
Encenação Rogério de Carvalho
Tradução Alexandra Moreira da Silva
Com Teresa Gafeira, João Farraia e Pedro Walter
Cenografia José Manuel Castanheira
Figurinos  Bárbara Felicidade
Luz Guilherme Frazão
Movimento Cláudia Nóvoa
Voz e elocução Luís Madureira
Assistente de encenação Nicole Alves
Operação de som e luz André Oliveira
Direcção de montagem Guilherme Frazão
Fotografias Rui Mateus

M/12