• DATA18 e 19 de Dezembro das 15h00 às 18h00
  • INFORMAÇÕES966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt
  • MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha

Muita tinta tem corrido a propósito de “O Livro do Desassossego”. A primeira edição data de 1982, quarenta e sete anos após a morte de Fernando Pessoa (1888-1935). Atribuído ao semi-heterónimo Bernardo Soares, é um livro inacabado que vários escritores e ensaístas vêm considerando o mais representativo da moderna ficção portuguesa. Tem sido objecto de inúmeras tentativas de organização, sendo disso exemplo as edições de Jacinto do Prado Coelho para as Edições Ática, a de Richard Zenith para a editora Assírio & Alvim, a de Teresa Sobral Cunha para a editora Relógio D’Água e a de Jerónimo Pizarro para a editora Tinta-da-China. O seu carácter fragmentário predispõe-se a diversos tipos de leituras e de experiências, como o demonstrou a adaptação cinematográfica assinada pelo realizador João Botelho.
As possibilidades de interacção com os textos pessoanos atribuídos a Bernardo Soares são variadas e apelam a renovados processos criativos.

É neste contexto oficinal que o Teatro da Rainha receberá, nos próximos dias 18 e 19 de Dezembro, o Professor Catedrático Manuel Portela para um “Laboratório de criação e interacção digital”. Investigador do Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra desde 2007, Manuel Portela é o coordenador do Grupo de Investigação “Mediação Digital e Materialidades da Literatura”. Aí desenvolveu o “Arquivo LdoD”, no âmbito do projecto de investigação “Nenhum Problema Tem Solução: Um Arquivo Digital do Livro do Desassossego”. Trata-se de um arquivo digital colaborativo, contendo imagens dos documentos autógrafos, novas transcrições desses documentos e ainda transcrições de quatro edições da obra. Além da leitura e comparação das transcrições, o “Arquivo LdoD” permite que os utilizadores colaborem na criação de edições virtuais do “Livro do Desassossego”. O Laboratório a ser ministrado no Teatro da Rainha consistirá numa introdução à plataforma tendo em vista a produção de mini-edições do “Livro do Desassossego”.

Manuel Portela é doutorado em Cultura Inglesa pela Universidade de Coimbra (2001) e Agregado em Literatura Inglesa (2010). Foi bolseiro de pós-doutoramento da FCT no Institute for Advanced Technology in the Humanities (IATH), da Universidade da Virgínia (2008), e investigador visitante no Departamento de Inglês da Universidade de Maryland (2016). Tem leccionado nos cursos de licenciatura de Línguas Modernas, de Estudos Artísticos e de Ciência da Informação; e nos seguintes cursos de pós-graduação: Mestrado em Estudos de Cultura, Literatura e Línguas Modernas (Estudos Ingleses e Americanos), Mestrado em Escrita Criativa, Programa de Doutoramento em Ciência da Informação e Programa de Doutoramento FCT em Materialidades da Literatura, de que é Coordenador. Foi Director do Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, entre 2005 e 2008.
Além da actividade académica, Portela é também tradutor e autor de livros de poesia sonora e visual, de poemas animados por computador e de diversos poemas satíricos. No domínio do ensaio, destaca-se a publicação de “O Comércio da Literatura: Mercado e Representação” (Antígona, 2003). Dirige a revista MATLIT: Materialidades da Literatura, fundada em 2013, e tem sido curador de várias exposições de literatura experimental. Traduziu diversos autores de língua inglesa, entre os quais, Laurence Sterne, William Blake e Samuel Beckett. Recebeu em 1998 o Grande Prémio de Tradução pela obra “A Vida e Opiniões de Tristram Shandy” (2 vols., 1997-98; 2ª edição, 2014).