boca a boca

3 anos de Diga 33 eleva o 3 à categoria da persistência.
Só os festivais sazonais, com pilim europeu dos estruturais, se repetem até ao esgotar dos fundos, quando estes emigram da inovação onde tudo cabe para o bolso do patrão gestor e banqueiro andando, pelo caminho, a fingir que resolvem a floresta, a agricultura que já não faz sentido, os motores que poluem, o sexismo homicida, o desemprego qualificado e desqualificado de curta, média e longa duração, a natalidade regressiva, o SNS inflado de conversas sobre o SNS e buracos, como certas estradas vicinais — os interiores que se centralizem, pois! —, as vacinas que os inteligentes não querem pois têm uma ciência caseira confessional de seita, o salário mínimo que o máximo vai bem, a escola que desensina e a outra que resiste, os média que evangelizam pelo consumo e estupidez martelada sempre atrás da maior delas, a trumpista, a religião publicitária idolatrante de marcas e de padronizações corporais obrigatórias e outras chagas — as maiores são sociais, outras são artificiais, culturais, conjunturais, de calendário, há vidas diferentes pré eleitorais, nos natais, nas férias, nos aniversários e nos dias do cão, do gato, da minhoca, da orca e do animal marsupial que agora vive em florestas carbonizadas à procura do verde extinto, corpo e bolsa chamuscados de um negro final (são tão lindos de peluxe! e alguns são de peluxo) — que continuam a fazer da caridade uma instituição e da canção comum do bandido ideológico dominante, um fado crístico sem fado dentro, sem Alfama antes da fama industrio-turistal.
O programa de poesia do Henrique Fialho tem voado com asas competentes e curiosas, por lugares recônditos e próximos, de tempo, espaço e temáticas — as poéticas de cada poeta são esses lugares mais ou menos inesperados a que chegamos e em que, não os conhecendo, acoplamos como a florestas íntimas ou épicas, bucólico-irónicas (a ecologia reintroduziu a écloga no mapa diário) e sarcásticas, etc., o mundo dos humores criativos é sem limite, as subjectivações do real caminho singulares — não sendo assim, não são, não chegando a ser, algo que de nenhuma coisa se ergue como de um vazio, ou da ilusão artificiada de um vazio, necessariamente metodológico — um artifício para regressar, a cada vez, à possibilidade criativa, ao início de um todo e tudo primordiais.
Curiosas novas paisagens que de diversificadas e heterogéneas se tornam inesperadas o bastante para porem o rumo vulgar dos dias entre parênteses, necessidade estratégica de quem queira cumprir mais que ir com os outros, atrás do que vai atrás do que tem à frente.
E tudo em poliedria recriada de imagens em expansão distributiva sem públicos alvo — [fronteira em que o mercado e os sociologueses — dividem as pessoas consumidores como se não fossem pessoas mas poderes de compra corporificados em gavetas hierárquicas e etárias] — em polifonia coral de escritas, em diversidades disciplinares: a poesia não é monodisciplinar, desde logo pelas imagens que suscita em ausência de imagens, no curso das frases, pela palavra encadeada e solitária, mas também pelas associações que prefere por afinidade e contraste, como o ultrapassado slide, o filme animado, a banda sonora, o cartoon, etc. E com a música desde o primeiro momento, cadências rítmicas que escreve e subscreve como o que a distingue, som e imagem que a completam, ilustração, objecto escultórico, o livro, escultura portátil também de muito variada forma, desde o famoso calhau ao de bolso, ao micro-livro, ao panfleto, ao de cordel, à edição necessitada de agrafos, à colada, feita à mão, à lombada. Há os amantes de lombadas, sabemos.
O que aqui fazemos — no Diga 33 — é vida expandida aliada a cirurgias respiratórias que sabem que não há remédio melhor que a poética insuflação boca a boca, palavra umbilicada em rede.

CALENDÁRIO COMPLETO
28 Janeiro: Apresentação do livro Si dispensa dai fiori (edição volta d’amar), de JOSÉ RICARDO NUNES
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18 de Fevereiro: Gravação do programa Ah, falemos da brisa!, de CLÁUDIA NOVAIS e JOSÉ CARLOS TINOCO
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16 de Junho: REGINA GUIMARÃES
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21 de Julho: EMANUEL CAMEIRA (Editora Barco Bêbado)
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25 de Agosto: ANTÓNIO CABRITA
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15 de Setembro: ELISABETE MARQUES  e VASCO GATO
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20 de Outubro: CLÁUDIA R. SAMPAIO
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17 de Novembro | Lembrar Mário Cesariny com MIGUEL DE CARVALHO e MIGUEL GONÇALVES MENDES
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15 de Dezembro | Na Cama com Ofélia, de HENRIQUE MANUEL BENTO FIALHO
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PRÓXIMA SESSÃO
19 Janeiro 2021: MIGUEL CARDOSO

  • DATA15 de Dezembro 2020
  • HORÁRIO21:30
  • INFORMAÇÕES966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt
  • MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha