Passaram 109 anos sobre a publicação original de “Ode marítima”, poema de
Fernando Pessoa atribuído ao heterónimo Álvaro de Campos. Mostrado ao mundo no
número 2 da revista “Orfeu” (Abril – Maio – Junho de 1915), publicação principal do
combate modernista português, este poema nunca deixou de ser objecto de interpretação
e de análise ao longo dos anos. Adolfo Casais Monteiro referiu-se-lhe como «um dos
mais geniais poemas de qualquer época da literatura universal», Eduardo Lourenço dizia
ser «um dos mais grandiosos e profundos poemas de que pode orgulhar-se a língua
portuguesa».
Em 1995, a Editorial Presença publicou-o na colecção Poesia Dita, numa edição que
incluía livro e CD. Mais recentemente, o sonoplasta e designer sonoro Francisco Leal
ofereceu-lhe nova interpretação num CD que é uma viagem acerca da oralidade do
poema pessoano. Em ambos os casos, encontramos o actor João Grosso a dar voz aos
versos da “Ode marítima”, uma voz que é corpo total ao serviço de uma surpreendente
experiência de encarnação da palavra. No próximo Diga 33 – Poesia no Teatro vamos
falar com Francisco Leal e João Grosso sobre o CD “Ode Marítima” e vamos ouvir o
poema dito, em versão acústica, por quem já lhe dedicou mais de 35 anos de vida.
João Grosso (Lisboa, 1958) é licenciado em Teatro pela Escola Superior de Teatro e
Cinema de Lisboa. Foi discípulo de Germana Tânger e frequentou o curso de Ciências
da Linguagem da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa. Foi vogal, com competências de Director Artístico (2001-2003) da Comissão de
Gestão do Teatro Nacional D. Maria II, onde é actor residente. Concilia as actividades
de actor, encenador e professor do ensino artístico, tendo participado em inúmeros
espectáculos como actor e encenador. Gravou discos de poesia e apresentou-se em
recitais por todo o país e no estrangeiro. Foi galardoado com os prémios Globo de Ouro
(2005) para Melhor Actor de Teatro, Sete de Ouro (1992) para Melhor actor de Teatro e
Melhor Actor de Televisão, Prémio Rádio Energia (1991) para Melhor Actor de
Cinema, Prémio Madalena Perdigão/Revista Actor (1988) para Melhor Jovem Actor.
Há mais de 35 anos que diz a “Ode marítima” em espectáculos e recitais, a solo ou com
acompanhamento musical, em teatros, escolas, bares, prisões, ruas.
Francisco Leal (Lisboa, 1965) é Mestre em Artes e Tecnologias do Som. Estudou
música clássica e jazz, produção de som para audiovisuais e sonoplastia. Em 2003, foi
distinguido com uma Menção Especial pela Associação Portuguesa de Críticos de
Teatro, pela sua «contribuição inovadora e artisticamente relevante para o
desenvolvimento das linguagens cénicas associadas ao trabalho de sonoplastia e de
desenho de som». Foi Coordenador do Departamento de Som do Teatro Nacional S.
João durante 28 anos (1993-2021). A sua actividade tem-se dividido entre espectáculos
de teatro, dança, música e a gravação e edição de som. Colaborou diversas vezes com o
Teatro da Rainha, nomeadamente em espectáculos tais como “A dança da morte”
(2005), de August Strindberg, “O fim das possibilidades” (2015), de Jean-Pierre
Sarrazac, “A paz” (2018), de Aristófanes, “A cidade dos pássaros” (2019), de Bernard
Chartreux, ou “Mandrágora” (2023), de Niccolò Macchiavelli.
Dia 18, na terceira terça-feira de Junho, há Diga 33 – Poesia no Teatro a partir das
21h30. Encontro marcado no Pequeno Auditório do Centro Cultural e de Congressos
das Caldas da Rainha, para uma conversa e um recital imperdíveis em torno da “Ode
marítima” de Álvaro de Campos.
Entradas condicionadas aos lugares disponíveis.
Valor da entrada | 3,00€
- DATA18 de Junho de 2024
- HORÁRIO21h30
- INFORMAÇÕES E RESERVAS966 186 871 | geral@teatrodarainha.pt
- MORADAPequeno Auditório do CCC | Rua Dr. Leonel Sotto Mayor | 2500- 227 Caldas da Rainha