«Imprime-se qualquer coisa hoje em dia. Época idiota.» São palavras de Leopold Bloom, o anti-herói de “Ulisses”, obra maior de James Joyce com a qual resolvemos inaugurar a nova temporada de Diga 33 – Poesia no Teatro. Passaram 100 anos sobre a primeira edição na Shakespeare and Co., decorria o ano de 1922. As críticas foram imediatas e contundentes: «terrível como um desastre», disse Virginia Woolf. O experimentalismo de Joyce agitou a ira de uns e o entusiasmo de outros. Hoje, a Irlanda festeja o Bloomsday em homenagem ao protagonista de “Ulisses”. A 16 de Junho, porque a acção do romance decorre no dia 16 de Junho de 1904, ao que parece o mesmo em que Joyce e Nora Barnacle fizeram amor pela primeira vez.
São diversas as razões para esta ligeira inflexão na programação de Diga 33, por regra dedicado à poesia portuguesa. Primeiro, porque nos apeteceu. Haverá melhor forma de pensar o poético do que desobedecendo à norma? Depois, porque James Joyce é um nome nuclear da literatura moderna. Queremos saber se há rastro dele na literatura portuguesa, se o que hoje se escreve e publica almeja os mesmos níveis de ousadia, se um século foi suficiente para desvendar os enigmas de uma das mais complexas obras literárias de que há memória, se ainda faz sentido dizer que “Ulisses” é aquele livro que toda a gente tem e ninguém lê.
Para falarmos sobre estes temas convidámos Abílio Hernandez Cardoso, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Doutorado em Literatura Inglesa com a dissertação “De Ítaca a Dublin: Ulyses ou a odisseia da palavra”, tem publicado vários artigos dedicados à obra de James Joyce: “Joyce e Homero: Proteu na rota de Ulysses” (1991), “James Joyce, o canto das sereias e o segundo fôlego de Bloolisses em Dublin” (1995), “Silence, exile and cunning ou a escrita como libertação em “The sisters”, de James Joyce” (2000). Abílio Hernandez foi ainda Pró-Reitor da Universidade de Coimbra, Presidente de «Coimbra Capital da Cultura», membro da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário do Cinema e Diretor do Teatro Académico Gil Vicente. É autor do livro “Dar a ver o que nos cega: escritos sobre cinema” (Edições 70, 2019).
James Joyce (Dublin, 2 de Fevereiro de 1882 – Zurique, 13 de Janeiro de 1941) era o mais velho de dez irmãos. Estudou numa escola jesuíta e no University College de Dublin, começando nos idos de 1899 a publicar artigos, ensaios, panfletos. Depois de obter o bacharel, abandonou a Irlanda. Passou por Londres e Paris, onde viveu miseravelmente. Regressou a Dublin para o funeral da mãe em 1903, iniciando então “Gente de Dublin”. Em vão tentou publicar esta colectânea de contos que só viria a lume em 1914. Entretanto, juntara-se a Nora Barnacle em Pola, fora pai de um rapaz (1905), instalara-se em Trieste como professor, estreara-se em livro com uma recolha de poemas intitulada “Música de Câmara” (1907). Em 1907 foi pai pela segunda vez, desta feita de uma Lucia. Profere várias conferências, faz traduções, abre um cinema em Dublin, começa a escrever “Ulisses” no ano em que deflagrou a Primeira Guerra Mundial. Refugiou-se em Zurique durante a guerra, onde fixou residência e acabaria por falecer, praticamente cego e sem recursos, já no decorrer da Segunda Guerra Mundial. Não resistiu a uma úlcera no duodeno com perfuração.

Entradas condicionadas aos lugares disponíveis. Reserva de lugar obrigatória.
Valor da entrada | 2,00€

Informações e reservas: 262 823 302 | 966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt

  • DATA24 de Janeiro de 2023
  • HORÁRIO21h30
  • INFORMAÇÕES E RESERVAS966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt
  • MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha