Abril é mês de liberdade, palavra com a qual poesia rima em conteúdo e forma. Cumprido o primeiro trimestre de 2022, daremos continuidade a Diga 33 – Poesia no Teatro com convidados para quem a liberdade não é compatível com pontos de vista unívocos e perspectivas delimitadoras da realidade. No campo em que a poesia se cultiva tudo é possível e, mais do que ser possível, é sobretudo desejável que tudo seja transgressão, teste de resistência aos limites da linguagem e dessa relação sempre polémica entre estética e ética.
Acerca da poesia do nosso convidado de Abril tem-se dito, entre outras coisas, ser «um atentado constante às normas do bom senso e do bom gosto», o que faz dela não apenas e tão-somente mera provocação gratuita mas antes uma reafirmação inteligente e culta, até pelas múltiplas referências pictóricas e musicais que nela encontramos, da sátira barroca e de uma escatologia burlesca igualmente violenta e erótica.
José Emílio-Nelson (Espinho, 1948), pseudónimo literário de José Emílio de Oliveira Marmelo e Silva, economista de formação, filho do escritor José Marmelo e Silva, estreou-se na poesia, em 1979, com o livro “Polifonia”. Em 2004, reuniu pela primeira vez a sua Obra Poética no volume “A Alegria do Mal” (Quasi Edições), compilando vinte e cinco anos de produção. Na introdução a esse volume, Luís Adriano Carlos referiu-se a uma poesia do feio e do mal, da luxúria e do deboche, provocatória e dotada de sofisticação. Situando as suas referências numa genealogia heteróclita e maldita, José Emílio-Nelson foi, além de poeta, crítico e editor. Publicou vários dos seus livros, distribuindo-os por uma marginal comunidade de leitores. Em 2016, voltou a reunir a obra em “Beleza Tocada (Obra Poética 1979-2015)” (Abysmo), testamento ao qual devemos acrescentar a heterodoxia de “Caridade Romana” (Abysmo, 2018) e “Putrefacção e Fósforo/Coração Cru” (Abysmo, 2020), ambos em prosa. O seu poemário mais recente é “A Abelha e as Aranhas de Swift” (Nova Mymosa, 2022).
Dia 19 de Abril, pelas 21h30, iremos celebrar a liberdade na Sala Estúdio do Teatro da Rainha tendo o poeta José Emílio-Nelson como convidado de Diga 33 – Poesia no Teatro. São quarenta e três anos de produção poética sobre a mesa, pelo que não faltarão assuntos para abordar e discutir, tentando conhecer melhor o autor procurando aprofundar uma obra complexa e exigente, mas altamente estimulante sob vários pontos de vista.
Leremos, sem censura, poemas de livros tais como “Penis, Penis” (1980), “Sodoma Sacrílega e Poesia Vária” (1991) ou “O Amor Repugnante” (2015), falaremos de Marcial, Sade e Quevedo, das influências da pintura de Francisco de Goya ou da música de Mahler nesta poesia inquietante e desafiadora. O debate estará, como é costume, aberto ao público.

Entradas condicionadas aos lugares disponíveis. Reserva de lugar obrigatória.
Valor da entrada | 2,00€

Informações e reservas: 262 823 302 | 966 186 871 | comunicacao@teatro-da-rainha.com

  • DATA19 de Abril de 2022
  • HORÁRIO21:30
  • INFORMAÇÕES E RESERVAS966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt
  • MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha