João Habitualmente, um dos pseudónimos literários de Luís Fernandes, psicólogo especializado em comportamento desviante, é o convidado de Fevereiro em Diga 33 – Poesia no Teatro. Não será a poesia ela mesma um comportamento desviante? Eis uma questão que poderá animar a conversa a ter lugar no próximo dia 28, pela primeira vez numa das salas multiusos do Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, a partir das 21h30.

Com o anátema do desterro a pesar sobre os poetas desde que Platão concebeu a cidade ideal, a produção poética tem resistido à domesticação da linguagem. É campo de inúmeras possibilidades e lugar de resistência, tanto quanto de combate a paradigmas, à cristalização do pensamento, ao statu quo que padroniza, normaliza, organiza. A poesia dilata o terreno que a ciência demarca e a filosofia especula. João Habitualmente é poeta, Luís Fernandes é cientista. Como se compatibilizam os interesses de ambos numa só obra?

Nascido em 1961, Luís Fernandes licenciou-se e doutorou-se em Psicologia na Universidade do Porto, onde é professor desde 1986 e dirigiu durante vários anos o Centro de Ciências do Comportamento Desviante. Foi distinguido, em 1998, com o prémio Fernand Boulan da Association Internationale de Criminologues de Langue Française e, em 2014, com o Prémio de Excelência Pedagógica da Universidade do Porto. Durante uma parte considerável do seu percurso académico, dedicou-se à caracterização do fenómeno da droga em contexto urbano. Em anos mais recentes, tem dedicado atenção à complementaridade entre as escritas literária e científica enquanto instrumentos de autoconhecimento. É neste âmbito que surge a obra “As Lentas Lições do Corpo” (Contraponto, 2021), ensaios sobre as relações entre corpo e mente concebidos depois de perder a visão e tirar um curso de massagem terapêutica.

João Habitualmente, pseudónimo poético de Luís Fernandes, publicou os primeiros poemas em revistas ainda na década de 1980. Em 1995, estrou-se em livro com o díptico “Os sons parados e Agradecemos”. Eram os tempos das segundas de poesia no Pinguim Café, devidamente registadas na “Antologia da Cave” (Apuro Edições, 2013). Seguiram-se obras como “Os Animais Antigos” (Objecto Cardíaco, 2006), “Poemas físicos da frente para a retaguarda na curva interior da estrada” (Apuro Edições, 2016) ou o mais recente “Estátuas na Praça” (Apuro Edições, 2022). Pelo meio, uma antologia da sua poesia foi publicada na colecção da Porto Editora coordenada por valter hugo mãe: “Um dia tudo isto será meu” (2019).

Poesia que se afirma em contracorrente, escreveu António Guerreiro no Expresso a propósito de “Os Animais Antigos”. E acrescentou: «O que temos é uma sensualidade erótica e descontraída e um olhar retrospectivo que se pretende jubilante e por vezes quase jocoso sem cair na idealização melancólica» (2006). Os dados estão lançados. Dia 28 de Fevereiro, no CCC, pelas 21h30, receberemos o poeta João Habitualmente para uma conversa polvilhada de leituras em que não faltarão sensualidade, erotismo, júbilo, divertimento. Em suma, mente e corpo. Conversa aberta a quem nela pretenda participar.

Entradas condicionadas aos lugares disponíveis. Reserva de lugar obrigatória. M/12
Valor da entrada | 2,00€

Informações e reservas: 262 823 302 | 966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt

  • DATA28 de Fevereiro de 2023
  • HORÁRIO21h30
  • INFORMAÇÕES E RESERVAS966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt
  • MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | CCC-Centro Cultural e de Congressos de Caldas da Rainha