Diga 33 – Poesia no Teatro está de regresso, após um período de férias em que não demos descanso a leituras. Para trás, no ano corrente, ficou o registo de conversas animadas e enriquecedoras com Júlio Henriques, José Emílio-Nelson e Miguel Martins, uma sessão de leituras dedicada à obra de Mário-Henrique Leiria, a apresentação do último número da revista Três Três, e digressões pelas obras de Alexandre O’Neill e Fernando Pessoa na companhia de, respectivamente, Maria Antónia Oliveira e Jerónimo Pizarro. Setembro é um mês estranho, dizem que o mais triste do ano. É o mês do regresso às rotinas quotidianas, terminado o período de férias e retemperadas as forças para enfrentar o tédio e a modorra dos dias comuns. Por aqui fazemos questão de fintar fastios e, quais houdinis, escapar ao colete-de-forças da letargia, adoptando o riso e a joie de vivre como chave mestra neste clima de incertezas e de preocupações constantes. Assim sendo, a nossa proposta para Setembro é um encontro com o poeta de “A Poesia Ri Unida” (Eufeme, Maio de 2022).
António Ferra (Porto, 1947) frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa, cidade onde se fixou após passagens esporádicas pelo País de Gales e Guiné-Bissau. Autor de várias obras de pedagogia, o seu trabalho literário distribui-se pelo teatro e contos para a infância, poesia e narrativa. A par da escrita, mantém desde há muito intensa actividade como artista plástico. É precisamente neste contexto que o encontramos pela primeira vez em livro, numa plaquette co-editada com a poeta Wanda Ramos nos idos de 1970. Em 1978, estreou-se no teatro infantil com a peça “Zé Pimpão, João Mandão e os Sapatos Feitos à Mão”. Com a excepção de alguns dispersos e uma plaquette surgida nos anos de 1980, será já neste século que António Ferra dedicará mais atenção à poesia. Entre as obras publicadas, destacam-se livros tais como “Marias Pardas” (&etc., Março de 2011) e “Bluff” (Douda Correria, Março de 2019), ambos em prosa, ou os mais recentes “Estrada de Cinza” (Eufeme, Abril de 2021) e “Lengas e Narrativas” (Edições Húmus, Junho de 2022).
Detentor de um sentido de humor acutilante, raro nas letras portuguesas como trevos de cinco folhas, Ferra satiriza o métier cultural português, usando da ironia e do sarcasmo para desmontar tiques e manias, denunciar desgraças e feiras de vaidades, olhando com ternura os deserdados e dando voz, aqui e acolá, a um desencanto que acolhe Maria Parda como figura tutelar. A sua linguagem é simples, mas exigente, lexicalmente inventiva e repleta de trocadilhos felizes, dada amiúde a uma verrina que o riso sem pose disfarça e a linguagem coloquial acentua. Como sempre, a conversa está aberta a quem nela pretenda participar. É nosso hábito e dele não prescindimos: ler poemas, partilhar experiências, falar abertamente e sem peias do que vier à liça. A mesa está posta, estão todos convidados.

Valor da entrada | 2,00€

Informações e reservas: 262 823 302 | 966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt

  • DATA27 de Setembro de 2022
  • HORÁRIO21h30
  • INFORMAÇÕES E RESERVAS966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt
  • MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha