Março é um mês especial. Em Março comemoramos tanto o dia da árvore como o dia da poesia. Deste Março, porém, teremos no futuro uma memória bem mais trágica do que a poesia de uma árvore permite imaginar. «Quantos seios devorou a guerra, quantos, / Depressa ou devagar, roubou à vida, / À alegria, ao amor e às gulosas / Bocas dos miúdos!» — exclamou o poeta em 1958. E tudo estaria dito, se para bom entendedor quatro versos bastassem. O poeta é Alexandre O’Neill (1924-1986), não consta que tenha ido à guerra. Mas nem por isso lhe ficou indiferente.
Nascido em Lisboa, pertencia à linhagem da família irlandesa O’Neill. Foi num jornal de Amarante, onde a mãe tinha raízes, que publicou os primeiros poemas com apenas 17 anos. Esteve na fundação do Grupo Surrealista de Lisboa, em 1947. Há mesmo quem garanta que sem ele tudo havia sido diferente, pois era ele quem possuía os livros certos. Em 1948 publicou o poema gráfico “A Ampôla Miraculosa – Romance” e, três anos depois, “Tempo de Fantasmas”, mas foi com “No Reino da Dinamarca” (1958) que se afirmou definitivamente como um dos nossos grandes poetas. Autonomizou-se do surrealismo e distanciou-se sem estrondo, por não ser de grupos e estar mais interessado em desimportantizar deixando as coisas fora do sítio. Trabalhou como escriturário e redactor de publicidade, foi um exemplar cronista e participou em programas televisivos. Também escreveu guiões de filmes. Em 1982, recebeu o prémio da Associação de Críticos Literários.
Para nos falar de Alexandre O’Neill convidámos Maria Antónia Oliveira (Viseu, 1964), doutorada em Estudos Portugueses com a tese “Os Biógrafos de Camilo”. Co-responsável pela edição da obra de Alexandre O’Neill na editora Assírio & Alvim, publicou o premiado ensaio “A Tristeza Contentinha de Alexandre O’Neill” (Caminho, 1992) e “Alexandre O’Neill, Uma Biografia Literária” (Dom Quixote, 2007). Além do trabalho em torno de O’Neill, prefaciou e posfaciou obras de Mário de Sá-Carneiro e de Bocage. Foi professora de Literatura Portuguesa, Literatura Francesa e de Língua Portuguesa no Instituto Piaget, entre os anos de 1994 e 2005. Tem proferido várias conferências, nacionais e internacionais, sobre a obra de Alexandre O’Neill e assinou a dramaturgia da peça “Portugal, Meu Remorso”, a partir de textos de O’Neill, em cena no Teatro Municipal de São Luiz entre Fevereiro de 2015 e Abril de 2016.
Dia 15 de Março, às 21h30, na Sala Estúdio do Teatro da Rainha, dedicaremos toda a atenção a um poeta que esteve sempre muito atento. Leremos e ouviremos poemas, falaremos da vida e dos livros desse que um dia disse: «A banalização do horror horroriza-me». A conversa estará aberta ao público que pretenda colocar questões, a poesia estará aberta a todos quantos queiram levantar a sua própria árvore nos sítios mais inesperados.
Entradas condicionadas aos lugares disponíveis. Reserva de lugar obrigatória.
Valor da entrada | 2,00€
Informações: 262 823 302 | 966 186 871 | comunicacao@teatro-da-rainha.com
- DATA15 de Março de 2022
- HORÁRIO21:30
- INFORMAÇÕES966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt
- MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha