• DATA16 de Dezembro de 2017
  • HORÁRIO14:30
  • INFORMAÇÕES966 186 871 | comunicacao@teatrodarainha.pt
  • MORADASala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha
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Este encontro de especialistas, de ângulos diferentes, encenadores, arquitectos, cenógrafos, será constituído por dois momentos: o primeiro um conjunto de comunicações subordinado ao tema no título e um segundo, uma mesa-redonda sobre o projecto de Novo Teatro do Teatro da Rainha, cuja construção se iniciará no segundo semestre de 2017, a partir da sua própria maqueta e do conhecimento real do seu espaço de implantação e suas características.
O objectivo, tal como o título indica pretende equacionar a questão do espaço, da relação entre actores e espectadores, entre a cena e a sala, como manifestação de um equilíbrio democrático ou não. Os espaços não são neutros, carreguem nas suas formas e decorações uma marca, por isso se diz que os teatros à italiana correspondem, a organização da sua arquitectura interna, a uma forma que privilegia o olhar do príncipe, no seu camarote central, assim como se diz que o anfiteatro grego, paradoxalmente uma sociedade esclavagista, corresponde a um propósito democrático.
Neste encontro e face aos dispositivos modernos da arquitectura, aos seus materiais e qualidades visivas e de reflexão ou absorção da luz e do som, ao emprego de novas tecnologias, às novas possibilidades espectaculares das tecnologias, à criação de novas formas de espaços visivos e acústicos, o objectivo centra-se nos modos como, a partir do espaço vazio (Peter Brook) este se possa preencher, habitar, justamente com propostas ceno-técnicas que favoreçam a liberdade do jogo dos actores ao mesmo tempo que a emancipação dos espectadores de todas as formas de leitura inter-passivas, para citar Zizec.
Participarão nos debates e na mesa-redonda, José António Bandeirinha, Nuno Lopes, arquitectos, os encenadores Luís Varela e Fernando Mora Ramos, os cenógrafos Nuno Carinhas (também encenador) e José Carlos Faria e os criadores musicais e especialistas em acústicas das arquitecturas António Sousa Dias e Carlos Alberto Augusto.

As comunicações serão, portanto, de:
1. José António Bandeirinha, Professor Associado do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da U. C., com um currículo extenso ligado à sua arte, é um estudioso das questões do espaço e do urbanismo na sua relação com a democracia. Ligado também ao teatro, e aos teatros, a sua comunicação incidirá sobre essas relações.

2. Nuno Lopes, arquitecto da Escola de Belas Artes do Porto e discípulo de Siza Vieira (em Évora acompanhou a Malagueira antes de ser Director do Centro Histórico), autor do projecto de Edifício Teatral do Teatro da Rainha, fará uma intervenção sobre as suas características libertadoras e criativas.

3. Os encenadores Luís Varela e Fernando Mora Ramos debruçar-se-ão sobre os modos da relação cena-sala em função das relações de poder entre um e outro espaço no quadro do próprio espectáculo, isto é, mostrando como do lado da cena tanto o espectáculo pode imperar como também não se impor e permitir um olhar que seja liberto da própria pressão espectacular.

4. Nuno Carinhas debruçar-se-á sobre o modo como a criação cenográfica pode, de algum modo, estimular o espectador também a fazer o seu cenário, do mesmo modo que faz sua a ficção a que assiste.

5. José Carlos Faria elencará as configurações sociais e os seus significados precisos como hierarquização das relações entre as classes à luz das arquitecturas teatrais da história, historiando assim o modo como na contemporaneidade, o espaço vazio, é uma espécie de absoluto da própria possibilidade da democratização dos olhares no acontecer do jogo teatral.

6. António Sousa Dias realizará, através dos dispositivos de tecnologia que domina, com incursões no vídeo e na espacialização do som na sua relação com o corpo presentificado em cena, uma reflexão sobre as seduções da tecno-imagética e as liberdades do olhar dos espectadores pressupondo esse vazio prévio, verdadeira página branca.

7. Carlos Alberto Augusto realizará uma comunicação sobre a espacialização do som e o modo como as cenografias acústicas podem vivificar a atenção dos espectadores em função de uma linguagem do som que não tem limites e que justamente trabalha todos os contrastes possíveis entre as possibilidades da voz natural, do som amplificado e de todas as formas sonoras que realmente existam e se inventem, desde os ruídos ao próprio som do cosmos, e dos movimentos de translação e rotação terrenos, numa perspectiva científica e ficcional ao mesmo tempo.